Porém, há um ponto muito, mas MUITO importante que vem sendo esquecido. Ou talvez nem tenha sido aprendido. Se por um lado temos profissionais com um bom nível técnico, diretores de arte que sabem brincar com as ferramentas do Photoshop e Illustrator, redatores que abusam e rebuscam das palavras, mídias que espremem e alargam a grade quando e como bem entendem, por outro lado há o recalque. Há o desconhecimento de alguns 'profissionais' de que o crescimento pode ser conjunto. Que a imaturidade de criticar com argumentos vazios tudo que não saiu da sua agência de coração (sendo que a maioria já trocou ou vai trocar de agência umas 10 vezes até os 30 anos) não leva a lugar algum. A crítica é extremamente bem vinda quando ela é construtiva, quando ela vem recheada de argumentos válidos e, principalmente, quando ela vem com coerência. Ah, a tal coerência é uma pedra no sapato da nova leva de publicitários que vem surgindo na cidade. E eu me incluo nisso. Mas com quase 2 anos de mercado, ainda sou um mero iniciante, que erro centenas de vezes, mas procuro aprender com os meus erros e, acima de tudo, manter minha coerência.
Participei, como profissional, da recente criação da campanha para o Prêmio Manchester Catarinense de Propaganda, algo inédito na região e com o objetivo de valorizar o nosso mercado, de dar corpo a ele. Ora, mas o que se seguiu ao lançamento da campanha foi justamente o próprio mercado desvalorizando o trabalho local. Como assim, Bial? Vou explicar: nêgo vê a propaganda do Novo Palio, por exemplo:
Legal né? O conceito é legal. "O mundo não mudou tanto assim, mas o Palio mudou". Bacana, passa a mensagem, a produção do VT é boa e tals. A forma que eles usaram pra passar isso, pegando a mesma situação em diversas épocas do universo, muito bacana.
Aí você, joinvilense recalcado e publicitariozão, acha a 8a maravilha do mundo. "Porra, que engraçado, olha a sacada dos caras! Sério, demais. Show de bola, tem que ganhar aquele prêmio lá dos Leões de Cannes. Cannes é com dois N's, né?".
Só que ele vê uma campanha criada antes em Joinville, com um conceito de 'Nossa região evoluiu e deixou marcas', onde situações comuns na cidade até pouco tempo atrás são retratadas de forma bem-humorada e vem sentando o cacete, falando que não faz sentido, que nada a ver linkar essas situações com o Prêmio.
E o QUÊ tem a ver um cara dando um fora numa mulher em diversas fases da vida com um carro novo? O quê, Bom Jesus da Incoerência? Nada. O 'fora universal' não tem absolutamente NADA a ver com o Novo Palio. Mas tem TUDO a ver com o conceito. Isso é publicidade, isso é usar a cabeça para pensar. Se os restaurantes em Joinville fechavam para o almoço, isso não tem NADA a ver com hoje, em 2011, nós termos o 1º evento que valoriza o que é produzido aqui, mas tem TUDO a ver com o conceito de evolução usado na comunicação.
Enfim, o que preocupa não é aquele profissional que já está há algum tempo no mercado, que já passou por grandes centros e tem a maturidade suficiente para entender que só há crescimento quando há união. E que críticas, repito, devem ser acompanhadas de coerência. O que me preocupa é uma nova geração de recalcados que vem surgindo, que resolveram estudar publicidade e propaganda porquê 'não tem matemática'. Um tanto é falha do que é passado na faculdade, outro tanto é o desinteresse pessoal, e mais um tanto é ser mimado mesmo. Mamãe disse que tudo que eu faço é lindo e o resto é feio.
Para terminar, deixo um anúncio da Young & Rubicam para comemorar os Leões ganhos em Cannes (é com dois N's, ok?). Ele exemplifica perfeitamente a humildade e a união que precisamos ter. Não é à toa que é uma das maiores agências do mundo.
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